[RP] We take what we want we dont borrow

A preocupação é, num certo sentido, um anseio do que pode dar errado e como lidar com isso. Há na preocupação, pelo menos para o cérebro límbico primitivo, alguma coisa de mágico. Como um amuleto que afasta um mal previsto, a preocupação ganha psicologicamente o crédito de prevenir o perigo com o que se está obcecado. Silena conhecia a preocupação desde que nascera, sempre pisando nas linhas impostas pelos outros para nunca deixar as coisas darem errado, mas é difícil fazer isto quando seu sangue clama pela mentira. Era difícil ser honesta quando sua mente gritava pela desonestidade. Porque se tinha uma coisa que Silena nunca podia fugir era de seu sangue, seus genes.

A ponta do lápis batia insistentemente contra a agenda, os números desenhados já tinham parado de fazer sentido há algum tempo, as contas espalhadas na mesa do bar eram em suma maioria de estragos que a garota tinha feito sem realmente querer. As outras eram das roupas de marca e algumas poucas eram de coisas realmente importantes como seu carro. A garrafa de vodca já se encontrava pela metade e as contas na agenda ainda estavam no começo. – Deve ser fácil no mundo dos ricos – A garota murmurou para si mesma olhando os recibos espalhados pela mesma os ajeitando de forma que ficassem em um canto os já contabilizados e em outro os não. Ótimo, filha de um deus nórdico e pobre, que graça tem isso? O pensamento de Silena a fez rolar os olhos e voltar às contas bebendo um pouco do copo e então olhando para a janela se perdendo nas luzes e placas brilhantes da Broadway. Milhares de pessoas passavam apressadas por ali e nem se davam conta umas das outras. NY o melhor lugar para mutantes se esconderem, afinal ninguém em NY se importava com ninguém, desde que você não ficasse no caminho de ninguém.

A música alta atingiu Silena como um tapa no meio da cara, a garota olhou em volta e encontrou um garoto perto da junkbox, Silena lhe lançou um olhar raivoso e seguiu o mesmo com o olhar até o garoto se aproximar de outro. Um deles Silena até que tinha a sensação de que conhecia o outro era só mais um rosto aleatório em um bar aleatório com outras pessoas aleatórias. Como se num estalo a morena virou todo o corpo para a entrada vendo uma menina de cabelo curto adentrar o local. - Oh, legal. - Mutantes para todo lado, Silena concluiu e então apresadamente guardou suas coisas colocando o casaco e o capuz se levantando saindo apressadamente de cabeça baixa. Ou pelo menos era o que pretendia fazer, porém algo lhe impediu o caminho lhe lançando ao chão com a bolsa indo para um lado e a chave do carro para outra enquanto ela caia de bunda e olhos fechados. Passar vergonha em um lugar público? Riscado da lista de coisas a fazer antes de morrer.

Silena tinha ficado exatamente dez minutos parada de olhos apertados com a bunda colada no chão e a vergonha correndo nas veias. Ela sabia que deveria levantar, mas algo lhe impedia de abrir os olhos, talvez fosse aquele sentimento...Como se chamava mesmo? Oh, sim, medo. Medo de ter sido a piada da vez, medo de ter chamado demasiada atenção para si. Medo de ter falhado outra vez. Um calafrio percorreu a espinha de Silena quando a voz de um garoto atingiu seus ouvidos, com um certo receio a garota abriu os olhos esperando que eles não fizessem a chata proeza de mudar de cor. - Oh, obrigado. - A voz saiu vacilante por alguns segundos. Silena educadamente recusou ajuda e se pôs de pé por si só. Sempre levantando, como seu pai. E sempre caindo como ele. Mas era assim, quem nasceu para ser Lokison nunca seria Odinson. - Mais uma vez, agradeço pela ajuda - A garota disse de maneira cordial enquanto pegava a chave de seu carro e sua bolsa. Uma opção era sair o mais rápido possivel dali, a outra era ficar e fingir que nada tinha acontecido. A segunda parecia mais Asgardiana, e por isto foi a opção que Silena decidiu seguir. Com calma ela seguiu até aonde estava e ficou ali até ser abordada pela jovem que havia entrado mais cedo. - O que? - A mente de Silena foi a mil pensando toda as contas que poderia pagar com aquela quantia - Eu acharia ótimo! - A morena respirou fundo - Quero dizer, depende, o que precisa que eu faça?

O pedido da garota fez a mente de Silena trabalhar rápido, ela podia sentir o coração acelerar e um sorriso maldoso brotar em seus lábios. Oh, propor uma coisa assim para alguém que compartilha o sangue de Loki é algo realmente perigoso. - Silena, meu nome é Silena. - Por um momento o significado de seu nome lhe cruzou a mente, Silena, do grego aquela que zomba. Um bom nome para uma semideusa Asgardiana. - O quão humilhante? - A voz de Silena saiu um pouco mais sombria que o planejado e a garota teve de limpar a garganta para então falar de uma forma mais suave, mas então foi interrompida por um idiota qualquer que falava algo sobre bebidas e excluía a menina dos cabelos ruivos. Uma sobrancelha foi levantada enquanto mil possibilidades para o escândalo lhe passavam pela cabeça, talvez fossem inimigos de longa data, chutaria irmãos, porém não se pareciam...Ou talvez o mais provável, ódio pós termino, só que Silena havia aprendido a não tirar conclusões precipitadas ainda mais de seus empregadores. - Eu aceito, é claro, será um prazer lhe ajudar com não me importa o motivo do ódio. - Um sorriso cordial foi lançando à ruiva